O objetivo deste Blog é informar as pessoas sobre os mais variados assuntos, os quais não se vê com frequência nas mídias convencionais e ajudar a esclarecer duvidas sobre a nossa complexa realidade.

Aqui irei expor textos, reflexões, videos, imagens e etc. relacionados com os seguintes assuntos:
Psicologia, Teologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia, Sociologia e o funcionamento do sistema em geral.

Não esperamos que acreditem no que é apresentado aqui sem primeiro investigar por vocês mesmos, e nós insistimos que vocês o façam!
O que é postado aqui são apenas perspectivas e não "verdades absolutas", com isso quero dizer que não tentarei convence-los, mas estimula-los a irem além do que conhecem, ou acreditam conhecer.
Busquem informação e ajudem a dissemina-la! Com informação vem conhecimento, com conhecimento sabedoria, a sabedoria lhe aproxima da verdade.... e a verdade o libertará!
Ouça a todos, não siga ninguém.
A única revolução é a SUA Evolução da Consciência!

sábado, 21 de maio de 2016

V de Vingança

Um filme pra ver e rever, com citações libertárias, diálogos rápidos e inteligentes, um enredo de certo modo complexo, que lida com questões filosóficas sobre o nosso modo de vida e onde ele está nos levando. Uma das melhores mensagens que o cinema já passou (apesar da história original ser um HQ), de que ''o povo não deve temer o seu governo, o governo deve temer o seu povo''.
Com o aparecimento desse grupo chamado "Anonymous" acho que é uma boa hora pra fazer propaganda desse filme, pois a mensagem é muito boa e leva até as pessoas menos interessadas a uma reflexão.

Introdução
Você não é um escravo(a)
'Existem sempre aqueles que não querem que falemos sobre a estrutura social e sobre a psicologia humana, pois estes mesmos detêm o poder e conhecimento para manter a sociedade como está em seu beneficio, mas as palavras sempre manterão seu poder, palavras que expressam um significado para aqueles que ouvem a chegada da verdade, e a verdade é que algo está errado com o nosso mundo, não é? Crueldade, injustiça, intolerância e opressão, fortalecendo o controle através do medo. Devemos aproveitar a oportunidade enquanto ainda temos chances de mudar, mas para isso precisamos saber quem são os culpados. Certamente alguns são mais culpados do que outros, mas verdade seja dita, se quiserem realmente saber quem são os culpados olhem no espelho.
Eu sei porque vocês agem assim, eu sei porque vocês sentem medo, quem não estaria com medo? Guerras, terror, doenças, milhões de problemas conspiram para coagir sua "razão" e roubar seu senso critico. O medo lhes dominou. E em seu pânico vocês recorrem a uma fonte externa em busca de algum tipo de salvação, e acabam nas mãos de governos corruptos e instituições religiosas enganadoras que lhes prometem ordem e paz, e o que pedem em troca é "somente" seu consentimento e obediência.
Liberte-se do Sistema!
Então convido vocês caros leitores a verem essa obra prima do cinema que expressa nossa sociedade de um jeito magnífico, e nos lembra que ainda há esperança e que justiça e liberdade não são somente palavras, elas são perspectivas, então se vocês realmente acham que não existe nada de errado com o nosso mundo, se os crimes desse nosso governo oculto são desconhecidos por você, sugiro-lhes que deem uma olhada nesse filme (sugiro também a Trilogia Zeitgeist) e se questionem sobre os seus valores. Mas se vocês veem o que eu vejo, se vocês se sentem como eu me sinto, e se vocês buscam o mesmo que eu, ajudem a disseminar a informação, ajudem as pessoas a despertarem de seu sono auto-induzido, sem forçar seu ponto de vista, cada um tem seu tempo... Mesmo que as vezes pareça que a situação não tem jeito, tenha certeza...
NÓS SEREMOS VITORIOSOS!'
                                                              Citação do filme adaptada por mim.

"Chega um tempo, em que a operação da máquina se torna tão obvia, e te deixa tão doente, que você não pode mais fazer parte. É impossível pensar em fazer parte! Então é preciso jogar seus corpos contra as engrenagens, contra os mecanismos, contra as manivelas, contra todo o aparato, e você tem que fazê-la parar! E você tem que chamar a atenção das pessoas que comandam isso, que se você não for livre, a máquina vai ser impedida de trabalhar de vez!"


Trailer do Filme



Elenco: Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, Stephen Fry, John Hurt.
Direção: James McTeigue
Genero: Ação e Revolução!
Sinopse: Evey é uma jovem que é salva de morte certa por um homem mascarado. Identificando-se apenas como “V”, o mascarado revela um carisma incomparável e um talento extraordinário na arte do combate e da astúcia. V desencadeia uma revolução quando insta os compatriotas a lutar contra a tirania e a opressão. Mas ao descobrir a verdade sobre o misterioso passado de V, Evey toma também conhecimento da verdade sobre si mesma e emerge como imprevisível aliada de V, no seu plano para devolver a justiça e a liberdade a uma sociedade afligida pelo medo, crueldade e corrupção.
 

 Link para Download: 
(O filme e a legenda tem que estar na mesma pasta e ter o mesmo nome)




    quarta-feira, 18 de maio de 2016

    O Efeito Sombra

    "Aprenda a amar com todo o seu coração e aceitar o lado desagradável dos outros (e o seu). 
    Qualquer um pode amar uma rosa, mas é preciso ter um grande coração para incluir os espinhos."
    - Ditado Budista


    Documentário inspirado pelo livro de Deepak Chopra, Debbie Ford e Marianne Williamson.
    "O Efeito Sombra" tem como tema principal o conflito entre quem somos e quem queremos ser, conflito que cada ser humano convive dentro de si. Aborda também a questão da Dualidade que vivenciamos na atual realidade, seja no mundo interno ou externo. Essa dança entre os opostos é necessária para existir qualquer tipo de interação e compreensão, pois se não há escuridão como podemos distinguir a luz? Se não há frio, como podemos dizer que algo é quente?
    Carl Jung fez uma observação interessante sobre esse fato: "Até mesmo uma vida feliz não pode existir sem uma medida de escuridão, e a palavra “feliz" perderia seu significado se não fosse equilibrada pela “tristeza". É muito melhor aceitar as coisas como elas vêm, com a paciência e equanimidade."

    Sinopse:
    “Os monstros não dormem em baixo da sua cama,
    eles dormem dentro da sua mente”
    O que é a Sombra? A Sombra é tudo aquilo que não queremos ser, mas somos. Todos nós temos um lado obscuro. É aquele sentimento escondido de todos, e aquele desvio de comportamento que uma pessoa considerada "boazinha" possui. É o desejo de se entregar ao vício, de explodir, de brigar. É toda a energia que tentamos não ter. Porém a Sombra é parte nossa, e por ser algo bom, mas escondida e excluída, pode transformar-se em maus pensamentos. Mas descoberta e compreendida, a Sombra nos levará ao caminho da plenitude! Sairemos da ilusão de que nossa obscuridade nos dominará e, em vez disso, veremos o mundo sob uma nova luz, uma nova perspectiva. A empatia que descobrimos por nós mesmos dará ignição para nossa confiança e coragem à medida que abrirmos nosso coração a todos ao nosso redor. O poder que desencavamos nos ajudará a confrontar o medo que esteve nos segurando e nos incitará a seguir adiante, rumo ao nosso mais alto potencial. Longe de ser assustador, abraçar a sombra nos concede uma inteireza, permite que sejamos reais, reassumindo nosso poder.


    Documentário Completo e Legendado

    Abaixo algumas citações do livro que achei relevante destacar.
    "… O inconsciente não tem a ver com ‘eu’. Tem a ver com nós. Quando uma pessoa tem impulsos e ímpetos inconscientes, eles vêm de toda história da raça humana. Segundo Jung, cada um de nós está ligado a uma ‘consciência coletiva’, como ele assim chamava. A noção de que você e eu criamos nossos self separados e isolados uns dos outros é uma ilusão."
    Pág. 28

    "A medida que nos tornamos mais presentes e alertas, começamos a ver quanto somos robóticos e encurralados nas personalidades que criamos. E podemos escolher tomar medidas proativas para lidar com as sombras que estão nos prendendo e tentar nos libertar. Não se iluda: se não lidarmos com essas sombras, elas lidarão conosco…"
    Pág. 132

    "A sombra não tem apenas as nossas características sombrias, ou aquelas que a sociedade considera más. Ela também inclui todas as qualidades positivas que escondemos. Essas qualidades positivas são frequentemente citadas como ‘sombra iluminada’. Não sepultamos apenas nossas obscuridades, mas também nossos traços positivos – aspectos poderosos, amorosos e deliciosos… Podemos ter enterrado a genialidade, a competência, o humor, o sucesso ou a coragem. Talvez tenhamos escondido a autoconfiança, carisma ou força."
    Pág. 177



    Lidando com a nossa sombra
    Trabalhar com nosso lado sombra é de vital importância, tanto na vida cotidiana quanto na vida dedicada à Arte. Cada vez mais, percebemos que as pessoas têm a tendência de esconderem dos outros e de si mesmas, seu lado "escuro", mas não escuro de uma maneira pejorativa e sim no sentido de algo que foi escondido nas sombras da luz da consciência. Aprendemos, ao longo de nossas vidas, a mostrar para a sociedade somente o lado que a mesma deseja ver. Formamos nossa personalidade de acordo com as regras ditadas por ela e o que ela não gosta, nos escondemos, fechamos em um baú e jogamos a chave fora. Como para atingirmos certos objetivos na vida, nós precisamos seguir as regras sociais, nós acabamos criando um padrão, uma fachada para apresentar às pessoas, sejam nossos familiares, sejam nossos amigos ou sejam nossos conhecidos. E é por isso que fica tão complicado de trabalharmos com nossa sombra, nos apegamos a vários comportamentos e "verdades" que criamos para nós.

    "Está tudo na sua cabeça"
    Trabalhar com nosso lado menos agradável requer, antes de mais nada, maturidade. É preciso aceitar que temos defeitos antes de sairmos por aí acusando ou criticando as outras pessoas por suas atitudes que, por vezes, é a nossa atitude também. E tal ação é fundamental para aqueles que querem seguir o caminho da verdade. Para começar, é preciso parar, olhar para dentro de nós e analisar a fundo nossa personalidade: do que gostamos, do que não gostamos, como reagimos a certas situações, quais são as nossas atitudes instintivas, enfim, todas as atitudes que temos no momento em que nos relacionamos com os outros e com nós mesmos.
    Precisamos entender nosso comportamento antes de meditar. Se nós não entendemos o motivo de termos determinadas atitudes, como vamos entender o por quê nós estamos realizando tal meditação, ou temos tal atitude? Temos que parar para analisar se o que estamos fazendo é bom parar nós ou é só para mostrar ao outro como somos poderosos ou como conseguimos tal resultado com facilidade. E é no ocultismo que observamos essas atitudes mais claramente. Podemos ver isso em qualquer lugar que haja pessoas denominadas Mestras e que queiram aparecer mais que os outros. É a legítima fogueira das vaidades.

    É preciso que nós tenhamos total consciência desse lado “ruim” para que possamos trabalhar com ele e que possamos, então, evoluir espiritualmente, afinal, para haver a luz, é preciso haver também a escuridão (Analise sobre a Dualidade). Entender a si mesmo é um processo complicado e complexo que envolve tempo e determinação da pessoa que quer seguir um caminho equilibrado. É importante que, nesse caminho, nenhuma etapa seja pulada, pois poderão surgir lacunas nas quais faltarão algumas conexões e algum entendimento do que a pessoa esteja buscando.

    Uma boa ocasião para a pessoa analisar-se é ver sua reação em determinada situação. Por exemplo: se a pessoa está em um grupo, como ela reage se alguém diz que conseguiu tal resultado? Sente inveja, ciúmes, raiva? Esses momentos são perfeitos para a pessoa fazer sua autoanálise, pois é na vivência e na prática que a pessoa pode se analisar diante de determinada ocasião. Por isso dizem que "um bom ocultista não é aquele que aparenta ser calmo, sereno, mas que fora do campo de visão dos outros se estressa facilmente e sai agredindo os outros, um ocultista de verdade, é aquele que entende a si mesmo, entende o motivo de ficar zangado em determinada situação e trabalha com esse sentimento para saber como lidar com ele seja em qual situação for. Um ocultista de verdade é aquele que tem os dois lados da mesma moeda em seu coração e sabe usá-los com justiça e consciência."

    "Não existe como criar consciência sem dor. As pessoas farão de tudo, não importa o quão absurdo seja, para evitar encarar a própria alma. Não nos tornamos iluminados apenas imaginando figuras de luz, mas criando consciência da escuridão. Porém, esse procedimento é desagradável, portanto, não popular."


    A única maneira de mudarmos o mundo de fato, é mudando a nós mesmos. Não adianta julgar e punir as pessoas por coisas que nós mesmos fizemos e fazemos ainda. Estamos todos passivos a errar, critique apenas de maneiras construtivas, jamais para machucar.
    Não seja parte do problema, seja parte da solução, ao invés de derrubar, ajude a levantar.

    Gostaria de encerrar esse artigo com uma tirinha e uma citação reflexiva:


    Quando uma pessoa faz você sofrer, é porque ela sofre profundamente dentro dela, e o sofrimento dela está vazando e se espalhando.
    Essa pessoa não precisa de uma punição, ela precisa de ajuda.
    - Thich Nhat Hanh


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    quarta-feira, 11 de maio de 2016

    Revolver

    Revolver é um filme franco-inglês de 2005, escrito e dirigido por Guy Ritchie, e tem como protagonistas Jason Statham, Ray LiottaAndré "3000" e Vicent Pastore.

    Sinopse:
    Jake Green(Jason Statham) é um jogador que sempre andou com más companhias e que esteve preso durante 7 anos por ter caído nas teias de Dorothy Macha(Ray Liotta). Agora em liberdade e preparado para por em pratica sua vingança, Jake torna-se imbatível nas mesas de jogo usando uma fórmula (criada a partir de estudos feitos em livros de mecânica quântica sobre os padrões do Universo) que aprendeu com os ex-companheiros de prisão.
    Enquanto isso, Macha está a preparar um plano para eliminar sem misericórdia o seu rival, Lord John e aposta a sua credibilidade numa arriscada operação de tráfico de droga com o "todo poderoso", Sam Gold.
    Quando Jake vai visitar Macha no seu casino para humilhá-lo em público é salvo pelo enigmático Zach (Vicent Pastore) e o seu sócio Avi (André "3000"), que lhe oferecem proteção contra os capangas de Macha. A partir deste momento Jake entra num jogo, a última coisa que ele queria vir a estar envolvido, onde em cada esquina o perigo está sempre presente. Mas o maior perigo real vem de uma fonte completamente inesperada….

    Trailer(sem legenda)


    Áudio: Inglês
    Legenda: Português
    Formato: AVI


    ALERTA DE SPOILER

    O foco principal do filme é a vida e o despertar de Jake Green para a realização de que ele não é quem acha ser e que os inimigos exteriores foram criados pelo único inimigo que existe: Nós mesmos.
    O filme aborda as questões da causa e efeito, que teoricamente é o motivo pela existência do ego, que busca compreender os eventos que acontecem no mundo que chamamos de realidade.
    Eu acredito que o que chamamos de "eu" não existe, o que existe são múltiplos "eus" que estão constantemente lutando para se manifestar, o conceito de "eu" é um "trono" criado pela nossa consciência fragmentada, e isso é uma consequência da separação do Absoluto (nossa essência) para poder haver a criação do mundo das formas, que precisa existir para haver qualquer tipo de perspectiva que não seja absoluta(completa, imóvel, perfeita), é preciso para podermos observar a nós mesmos de outra perspectiva, "limitada".
    Essa é a dança do Yin e Yang, há a segregação, e então há a unificação, e essa unificação é feita através do momento presente.
    A existência desse padrão, que é o ego, se torna um problema quando permitimos que ela tome conta da nossa consciência, quando damos uma "vida própria", ou melhor, nós conceitualizamos em nossa mente que ela não é parte de nós, e assim perdemos o poder sobre ela. É isso que nos ajudou a chegar a esse estado de sofrimento em que vivemos, e é isso que alimenta a existência desse padrão.

    Nas palavras do Senhor Green:
    "Existe algo sobre você que você não sabe, que até mesmo nega existir, até ser tarde de mais para fazer algo em relação. É o único motivo que o faz levantar de manha para aguentar as merdas do seu chefe, o sangue, suor e lagrimas desperdiçadas.
    É porque você quer que as pessoas saibam o quão “bom”, atraente, generoso, engraçado, inteligente, astuto você é…
    “Me amem ou tenham medo de mim, mas por
    favor, pensem que sou especial”
    Compartilhamos um vicio, somos viciados por aprovação.
    Estamos nesse jogo pelo tapinha nas costas, o relógio de ouro, o hip-hip-uha.
    “Olhe aquele garoto esperto com o seu distintivo, polindo o seu troféu.”
    Brilhe em si mesmo diamante maluco!
    Porque somos apenas macacos em ternos, implorando pela aceitação dos outros.
    Se soubéssemos, não faríamos isso.
    Alguém deve estar escondendo isso de nós"
    - Jake Green 


    Reflexões Acerca do Ego



    Buda - A Superação do Ego

    segunda-feira, 9 de maio de 2016

    O Numero 9


    Três personagens em três episódios. Cada um em uma espécie diferente de prisão: o primeiro em uma prisão domiciliar; o segundo em um reality show; e o último preso ao vício por games de computador. Em sua estreia como diretor no filme “Número 9” (The Nines, 2007), John August  faz uma reflexão metalinguística sobre o trabalho do diretor/roteirista no cinema usando uma poderosa metáfora gnóstica (Gnosticismo) do protagonista como o próprio ser humano prisioneiro na Terra, cujo planeta é visto como uma realidade mal produzida e roteirizada por um “deus ex machina”: toda vez que o protagonista começa a compreender o simbolismo místico da recorrência do número nove na sua vida, o mundo é desmanchado para recomeçar em um próximo episódio, do zero, levando o personagem principal ao esquecimento da sua verdadeira identidade.



    Chris Carter, criador da série “Arquivo X”, em um comentário sobre o episódio chamado “Improbable” da nona temporada fez a seguinte detalhamento do argumento da estória: “tudo é sobre a compreensão da natureza de Deus através do uso da numerologia, sincronicidade, probabilidade, reconhecimento de padrões, física teórica ou algo parecido”.

    Nesse episódio de Arquivo X a personagem Agente Scully trava um interessante diálogo com a Agente Reys:

    Scully: "Veja, Agente Reys, você não pode reduzir tudo na vida, toda criação, toda obra de arte, arquitetura, música, literatura... num jogo de vencedores e perdedores."
    Reys: "Por que não? Talvez os vencedores sejam aqueles que jogaram melhor o jogo. Eles conseguiram ver padrões e conexões, assim como nós estamos tentando fazer nesse momento.”


    Pois o filme “Número 9” dirigido e escrito por John August (em seu primeiro filme como diretor depois de fazer o roteiro de diversos filmes de Tim Burton) lida diretamente com esse tema ao propor que a compreensão do simbolismo místico das coincidências e sincronicidades permitiria um ser divino escapar da sua prisão corporal. A compreensão dos significados das sincronicidades como ferramenta para a libertação.

    Assim como qualquer obra de arte, é um grande erro tentar tomar qualquer coisa como literal ou absoluta, tudo que vemos e sentimos tem vários lados, é preciso sempre se manter aberto para novas possibilidades.


    Trailer Legendado




    Áudio: Inglês
    Legenda: Portugês(BR)
    Formato: DvDrip



    AVISO DE SPOILER

    O filme se desenrola em três episódios a princípio bem distintos (inclusive com lettering indicando as divisões dos segmentos), com os mesmos atores em diferentes “encarnações”. Aos poucos vamos descobrindo que as narrativas se sobrepõem e se interligam na medida em que o filme avança:



    "The Prisoner": conta a história de um ator de televisão (Ryan
    Reynolds), que se encontra sob uma espécie de prisão domiciliar com sua assessora (Melissa McCarthy) e uma vizinha frustrada com seu casamento (Hope Davis), fornecendo suas únicas ligações com o mundo exterior. Eventos misteriosos levam-no a questionar se uma ou ambas as mulheres estão enganando a ele sobre a natureza de seu encarceramento.


    "Reality Show": é um episódio de meia hora de um “reality TV” chamado "Behind the Screen," que acompanha o processo de criação de um drama de televisão. Depois de ter filmado o piloto, criador/produtor Gavin Taylor(Ryan Reynolds) enfrenta pós-produção com a ajuda de seu melhor amigo (e atriz) Melissa McCarthy e desenvolvimento VP Susan Howard (Hope Davis).


    "Knowing": um famoso designer de videogames(também Ryan Reynolds) e sua esposa (Melissa McCarthy) enfrentam problemas com o carro e um lugar remoto. Sua filha (Elle Fanning) descobre informações que o levam a uma escolha difícil e irrevogável.

    O filme desafia o espectador a encontrar recorrências ou padrões nesses três episódios e resolver o enigma de uma narrativa propositalmente descontínua e truncada. Para começar os atores, que assumem diversas encarnações nos episódios. Mas as principais recorrências são a condição de prisioneiro dos protagonistas (reforçadas pela condição do prazer proporcionado por um vício) em cada episódio e a onipresença do número nove que aparece em dezenas de situações.

    O consumo de crack após um colapso emocional faz a estrela de TV ficar confinada em uma casa; o prazer do roteirista em manipular ficção e realidade o faz permanecer num Reality TV da sua própria vida; e o vício por games que prende o protagonista a uma existência terrena. E a recorrência do número nove, que os personagens interpretados por Ryan Reynolds tentam compreender o porquê da onipresença numérica. Por exemplo, em momentos que fazem lembrar o filme “Amnésia” (Memento, 2000) de Christopher Nolan, o protagonista deixa um post it com um recado para o protagonista de outro episódio: “preste atenção nos noves”.

    O filme “Número Nove” já pode ser considerado um clássico do “AstroGnosticismo” tal qual o filme “Earthling” analisado em postagem anterior (veja links abaixo): a visão do ser humano como uma criatura celeste prisioneira em um planeta. Sem conseguir adaptar-se, ele sofre e sente a nostalgia de algo que deixou ou perdeu. No caso de “Número 9”, a maneira de encontrar esse “conhecimento” (explicitado no episódio final) é compreender o simbolismo das sincronicidades, recorrências e padrões que estariam debaixo de nossos narizes. Cegos ou adormecidos, não conseguiríamos perceber.



    Deus Ex Machina e Reencarnações

    A onipresença do simbolismo
    do número nove
    Em entrevistas, o diretor Jonhn August afirmou que todo o argumento do filme seria metalinguístico: a responsabilidade do criador (diretor ou roteirista) diante da sua própria criação. “A pergunta ‘qual o direito que você tem de cair fora de tudo o que você escreveu? é a minha própria experiência como escritor quando em muitos momentos tenho que simplesmente pular fora de algum ponto do qual iniciou a narrativa” (“The Nines: John August Interview”, LoveFilm.com). August refere-se ao que os roteiristas chamam de deus ex machina: termo para designar soluções arbitrárias, sem nexo ou plausibilidade na narrativa, para solucionar becos sem saída encontrados em roteiros mal conduzidos.

    Mas para fazer essa metalinguagem do próprio ofício do diretor/roteirista, August utilizou uma poderosa e dramática metáfora AstroGnóstica como se a nossa própria existência fosse um roteiro mal feito de um cosmos mal produzido. Os protagonistas dos três episódios (Gary, Gavin e Gabriel) são prisioneiros em mundos onde personagens femininos (Sophia?) tentam atrair a confiança para revelar a sua verdadeira identidade e sua verdadeira origem da qual nada se lembra. “Você não é quem imagina ser”, falam recorrentemente para os personagens prisioneiros interpretados por Ryan Reynolds.

    Quando Gary e Gavin (menos Gabriel, que alcançará a gnose final que quebrará o ciclo vicioso) são confrontados com a Verdade simbolizada pela recorrência do número 9, entra em ação o deus ex machina - a intervenção do demiurgo roteirista/diretor: o mundo é desmanchado para ser reconstruído em um próximo episódio, iniciando-se do zero ou do esquecimento do protagonista sobre a revelação anterior.

    Tudo isso lembra a visão gnóstica das sucessivas reencarnações na Terra: ao contrário da visão evolucionista ou aditiva espírita (a necessidade das reencarnações como forma de aprendizado), aqui temos uma concepção subtrativa: somos condenados a esquecer e recomeçar do zero, perpetuando a prisão do espírito na carne através da amnésia. Prazeres como o vício das drogas ou a ambição pelo poder (como no segundo episódio focado na busca do sucesso em uma emissora de TV) são estratégias do Demiurgo para nos entreter no próprio esquecimento.

    O “Hino da Pérola”

    Como o leitor poderá observar quando assistir ao filme, os três episódios se integram como o percurso da jornada espiritual de um peregrino exilado e que tenta atender ao chamado de volta para a sua terra natal, chamado simbolizado pelos padrões e a simbologia dos números.

    Gary, Gavin e Gabriel são muito parecidos com os protagonistas Neo de “Matrix” e John Murdock de “Cidade das Sombras” (Dark City, 1998), mas existe uma diferença básica: ao contrário de Neo e Murdock, eles não querem reorganizar ou salvar o mundo. Na verdade eles querem simplesmente fugir do inferno.

    Por isso há uma incrível semelhança entre o filme “Número 9” e o poema gnóstico cristão “O Hino da Pérola” escrito supostamente por Bardesanes no século II sobre o relato da peregrinação da alma que termina com a sua salvação simbolizada pela aquisição da “pérola” (a Gnose/Sabedoria) e o posterior retorno à Casa do Pai. Um poema que guarda semelhança com a Parábola do Filho Pródigo de Jesus. Vejamos esse trecho do poema:


    “Eu esqueci que era filho dos reis, e eu servi seu rei;
    Esqueci a pérola, pela qual meus pais me enviaram,
    E por causa do peso de suas opressões eu estava em sono profundo.
    Mas todas essas coisas que me aconteceram
    Meus pais perceberam, e ficaram tristes por mim.” (cliqueaqui e leia todo o poema)
    Ao utilizar uma simbologia gnóstica para discutir metalinguisticamente a condição do diretor e roteirista e a sua responsabilidade diante dos personagens e da própria narrativa, John August confirma uma hipótese de muitos pesquisadores sobre o filme gnóstico como Erik Wilson, Christopher Knowles e eu mesmo: se o cinema é a própria atualização do mito da Caverna de Platão, então certamente esse meio é a expressão artística mais adequada para que os espectadores entrem em contato com realidades mais profundas – a busca da centelha de redenção e gnose através de simbolismos dentro de um meio que nos faz imergir por duas horas em uma outra dimensão.


    Analise adaptada de:
    Cine Gnose - Cinema Secreto

    Ficha Técnica

    • Título: Número 9 (The Nines)
    • Diretor: John August
    • Roteiro: John August
    • Elenco: Ryan Reynolds, Melissa McCarthy, Hope Davis, Elle Fanning
    • Produção: Destination Films, Jinks/Cohen Company
    • Distribuição: Sony Pictures Home Entertainment (DVD)
    • Ano: 2007
    • País: EUA



    sábado, 7 de maio de 2016

    Fight Club - Clube da Luta

    Fight Club (br: Clube da Luta pt: Clube de Combate), é um filme norte-americano de 1999, que trata sobre a sociedade atual de uma maneira nada convencional. Ao contrário do que muitos pensam o filme não se trata de pura violência, nem a banaliza. Clube da Luta é um filme ideológico, com uma crítica bem ácida sobre a sociedade moderna. A sua interpretação sobre a mensagem do filme não deve ser tomada como definitiva, assim como qualquer obra de arte, tudo está disposto a várias interpretações.
    O filme é baseado em romance homônimo de Chuck Palahniuk, publicado em 1996. O filme é protagonizado por Edward Norton, Brad Pitt e Helena Bonham Carter.

    Sinopse:
    Jack(Edward Norton) é um executivo neurótico que tem uma vida extremamente monótona, trabalha como investigador de seguros de uma empresa de automóveis e busca no consumo a satisfação pessoal. Vive uma vida "confortável", mas sua ansiedade o faz criar situações que o levam a conhecer pessoas "problemáticas" como Marla Singer(Helena Bonham Carter) e a conhecer "estranhos" como Tyler Durden(Brad Pitt). Misterioso e cheio de ideias, Tyler apresenta para Jack um grupo secreto que se encontra para extravasar suas angústias e tensões através de violentos combates corporais.
    Nota IMDB -

    Trailer Legendado


    Download (Legendado)
    Áudio: Inglês
    Legenda: Português
    Formato: RMVB
    Tamanho: 433MB

    Download (Dublado)
    Áudio: Português
    Legenda: Não
    Formato: RMVB
    Tamanho: 450 MB



    AVISO DE SPOILER!

    Se você ainda não viu o filme, não leia!

    Opinião sobre o Filme.

    Alguns acharam o filme excepcional, revolucionário, um soco no estômago do consumismo da sociedade ocidental. Enquanto outros viram como uma ferramenta de corrupção da verdadeira revolução: A revolução da consciência.

    Se por um lado "Clube da Luta" incomoda e mexe na ferida da sociedade de consumo, por outro prega um pseudo-anarquismo sem sentido e perigoso calcado apenas na violência e na destruição sem limites, tendo como personagens principais pessoas vazias e recalcadas com o "sistema", que encontram a redenção no tal "Projeto Caos" idealizado por Tyler, e que consiste na destruição sistemática do mundo capitalista.
    Mas para colocar o que no lugar? Essa gente louca e desajustada do filme que encontra o "sentido da vida" no tal Clube da Luta onde enchem uns aos outros de porrada?

    Apesar da óbvia boa intenção dos realizadores do filme, Clube da Luta acaba passando a mensagem errada para os espectadores menos capacitados intelectualmente para "captar" o que existe por trás de toda a violência e loucura que se vê na tela.


    Mas lembre-se: Os símbolos são neutros, somos nós que damos significado ao que estamos captando. É tudo nossa interpretação, então o que realmente importa é a mensagem que você retira. Por isso é importante aprender a lidar com a própria sombra.
    O filme foi postado a pedidos, e também porque de fato, cria diversas reflexões sobre a nossa própria vida, nossos comportamentos e o comportamento da sociedade em geral. E também sobre o que acontece quando deixamos que parte de nós seja controlada pela inconsciência. Tyler é o inconsciente reprimido de Jack, que se manifestava sem a permissão consciente do mesmo.

    Nas palavras do Tyler:

    “Tudo que você quer ser... Eu sou. Eu pareço como você quer parecer, faço sexo como você quer fazer, sou esperto, capaz, e mais importante, sou livre de todas as maneiras que você não é."
    "As pessoas fazem isso todos os dias. Elas falam com elas mesmas. Elas vem a si mesmas como gostariam de ser."
    "Pouco a pouco, você permite a si mesmo se tornar… Tyler Durden.”

    Para uma analise muito mais aprofundada visite:
    Cinema Secreto - CineGnose




    sexta-feira, 6 de maio de 2016

    Sr. Ninguém


    Mr. Nobody é uma filme que traz questionamentos sobre a existência de realidades paralelas e como o tempo e espaço são ilusões da percepção dos organismos dentro dessa existência que chamamos de universo.
    Através da vida de Nemo o filme nos ajuda a refletir sobre nossas escolhas e suas consequências, a existência do "Observador universal", que não é nenhum de nós (Nemo é ninguém em latim) mas ao mesmo tempo todos nós fazemos parte dele/dela/disso.
    O filme trata o despertar da consciência de Nemo para sua multi dimensionalidade e existência fora do tempo e espaço, inicialmente sem um controle sobre os efeitos dessa percepção expandida, enquanto ao mesmo tempo nos mostra, de maneira abstrata, as simplicidades e complexidades dos comportamentos de nós humanos.




    Trailer (legendado)


    Tamanho: 1,52 GB
    Áudio: Inglês
    Legenda: Português

    OBS: Abaixo é um arquivo .Rar contendo o torrent e a legenda.
    __________________________________


    Analise do Filme
     AVISO DE SPOILER
    Se você ainda não viu o filme, não leia.


    "Sr. Ninguém" (Mr. Nobody, 2009) é um surpreendente filme onde o diretor belga Jaco Van Dormael bebe nas fontes mitológicas do Gnosticismo basilidiano: um protagonista prisioneiro na principal falha cósmica do universo físico (a flecha do tempo) vê sua existência como um gigantesco hipertexto com diversos futuros alternativos resultantes das decisões. O filme narra a luta de um homem contra o caos e o aleatório que interferem no livre-arbítrio das decisões.

    O que há em comum entre a Teoria das Cordas da Cosmologia, o Efeito Borboleta da Teoria do Caos, Futuros distópicos, a possibilidade da quase imortalidade, Entropia e a flecha do tempo, a impermanência da memória, morte, amor, segunda chance, missões para Marte e mágoas de um divórcio? Para o diretor belga Jaco Van Dormael são partes de um mesmo continuum: um protagonista (Nemo – Jared Leto) prisioneiro em um cosmos condenado pela flecha do tempo e pela entropia (todos os eventos são irreversíveis, tendem para o futuro e para um estado de dissipação de energia e desordem).


    Um psiquiatra tenta compreender o mistério da vida daquele homem e submete-o a uma “antiga técnica”, a hipnose, para fazê-lo retroceder em sua memórias e estabelecer uma sequência linear até o momento atual. Porém, o que ele consegue e nós espectadores testemunhamos, é um imenso painel com linhas de tempo alternativas, como fossem hipertextos, onde cada escolha altera o futuro, pulando sucessivamente entre futuros alternativos assim como um trem pegando diferentes desvios entre linhas paralelas (imagem simbólica recorrente no filme).
    Basicamente há três futuros alternativos constituídos a partir de três escolhas amorosas na adolescência que resultam em três casamentos diferentes. Tudo isso marcado pela mágoa da escolha impossível submetido no momento do divórcio entre seus pais: numa estação de trem teria que escolher com qual ficar. Ou com sua mãe que partiria no trem ou ficar com seu pai, na plataforma da estação.

    Mas Nemo tem uma qualidade especial que torna a consciência de que a vida é feita por escolhas muito mais aguda e sofrida: ele foi esquecido pelos anjos antes de nascer e, por isso, não o concederam a “dádiva” do esquecimento.

    Nemo narra em off que antes de nascermos sabemos tudo o que ocorrerá. Porém, antes, os anjos do céu colocam o dedo em nossos lábios, significando que esqueceremos tudo. Mas esqueceram de fazer isso com Nemo, que vem para a Terra com uma capacidade de prever o futuro resultante de cada simples escolha.

    Por isso Nemo navega pela sua vida como um internauta em um hipertexto. As escolhas, desde as mais simples, como qual doce pegar numa festa de aniversário, até as mais complexas como, por exemplo, escolher com qual menina namorar, torna-se para ele impossível, já que todas as alternativas se equivalem, pois todas tendem para um único destino: a entropia, a dissipação, a crescente desordem e a morte.

    Um tema difícil, abstrato e metafísico para ser trato em uma narrativa visual. Mas Van Dormael aborda o tema de forma surpreendente ao convergir linguagens de diversos gêneros como o Documentário, Ficção Científica, Realismo Fantástico e Romance. Apesar da sucessão dos instantes dos futuros alternativos na vida de Nemo, Van Dormael preenche cada plano com uma riqueza de detalhes e recursos estilísticos (fotografia, cor, slow motion etc.), dando intensidade emocional a cada simples momento, marcando o brilho e a importância de cada instante, embora todas as escolhas, no final, se igualem.

    Mitologias Gnósticas

    Fica evidente nas duas horas e treze minutos de “Sr. Ningém” que o roteiro de Van Dormael bebeu em fontes gnósticas Basilidianas. Se não leu textos gnósticos, o que é mais provável, o diretor provavelmente se sintonizou na mitologia gnóstica persistente nos tempo atuais por meio do repertório arquetípico que define a sensibilidade contemporânea.

    Em primeiro lugar, o filme é carregado de referências à física quântica, teoria do caos e termodinâmica. Todo esse mix científico para confirmar a suspeita gnóstica: sim, Deus joga com dados o jogo do Universo, o cosmos é caótico, tende para um progressivo estado de desordem devido a um problema básico: a flecha do tempo. Não somos senhores de nossos atos, tudo depende de fatores imprevistos (como a sequência da gota de chuva que cai no papel – alteração climática provocada por um simples gesto de um desempregado do outro lado do mundo - que borra o número do telefone que o impedirá de encontrar Anna, criando mais um futuro alternativo).

    A consciência aguda de Nemo o faz tomar consciência dessa imperfeição cosmológica. Como obra de um Demiurgo e não de Deus, o cosmos físico sempre será uma cópia imperfeita dos níveis superiores da Plenitude. O tempo e o devir são as principais imperfeições que aprisionam o homem nesse cosmos.

    Em segundo lugar, o tema do esquecimento. O filme apresenta Nemo com outras crianças, antes do nascimento, em um fundo infinito, branco. “Antes de nascermos sabemos tudo que vai acontecer”, diz Nemo em off, no início do processo de regressão hipnótico ao qual é submetido no futuro de 2092. Pouco antes de nascermos “os anjos dos céus” nos impõem o esquecimento para, então, sermos enviados para a Terra. Na vida, passamos a acreditar naquilo que é descrito na epígrafe com que abre o filme: a “ superstição da pomba”.

    Acreditamos que os nossos atos influenciam os acontecimentos, ideia desmentida pela consciência aguda de Nemo de que, na verdade, somos joguetes de fatores aleatórios. O esquecimento não nos permite ver essa inconsistência da realidade física.

    E terceiro, e mais decisivo elemento gnóstico do filme “Sr. Ninguém”: o caráter artificial da realidade. Nemo é o clássico protagonista dos filmes gnósticos, prisioneiro é um construção artificial de uma realidade (há momentos “Show de Truman” no filme como sequências em que ele descobre que tudo ao seu redor - objetos, prédios - não passa de cenografia). O esquecimento imposto pelos “anjos do céu” (na verdade os Arcontes da mitologia gnóstica) e a imperfeição temporal nos faz sermos apegados a uma realidade que acreditamos ter controle.

    Por isso a clássica exortação gnóstica “Acorde!” (repetida em diversas formas, sempre de passagem, ao longo do filme) para a necessidade do homem despertar do sono do esquecimento.

    Gnosticismo Basilidiano

    A gnose de Nemo vem do estado de suspensão em que parece viver ao longo do filme (por isso, ele parece ser “Ninguém”). Basilides acreditava que a linguagem e o pensamento racional faziam o homem cair vítima de escolhas por pares opostos: belo/feio, Bem/Mal, Certo/Errado. O Uno e a Plenitude são cindidos em qualidades opostas. Confinados nessa lógica binária ou identitária não conseguimos apreender os paradoxos, simetrias caóticas, ironias e a imperfeição cósmica do tempo. Por isso acreditamos sempre fazer escolhas regidas pela nossa vontade, decisão ou livre-arbítrio. Por acreditarmos sermos senhores racionais de si mesmos (“Penso, Logo Existo”), somos condenados ao esquecimento e não percebemos a estrutura imperfeita que rege o cosmos físico.

    A gnose de Nemo, no estado de suspensão, recusa fazer qualquer escolha: pretende vivenciar, simultaneamente, todas as alternativas. Procurar o Uno naquilo que foi cindido. Por isso, numa sequência próxima ao final, a resposta Basilidiana de Nemo à escolha impossível após a separação dos pais: com qual ficar? Nemo traça uma terceira alternativa, um “tertium quid”. Nega as alternativas dadas pelo jogo, transcende-as e cria sua própria alternativa.

    O filme nos faz lembrar a solução da lógica circular do clássico paradoxo grego do cretense mentiroso: um cretense afirma que todo cretense é mentiroso. Como ter certeza da afirmação se sabemos que todo cretense mente. Por outro lado, se mente, então está dizendo a verdade! Como solucionar esse paradoxo? Como Nemo resolve a escolha de alternativas que se anulam? A única solução está fora da jogada, em um nível lógico acima, onde Nemo compreende, de uma só vez, todos os caminhos possíveis do hipertexto da existência, a compreensão intuitiva do todo: a gnose.

    O Filme Gnóstico europeu e norte-americano

    Desde a década de 90, acompanhamos o fenômeno do filme gnóstico para massas, em produções norte-americanas hollywoodianas, do qual filmes como “Show de Truman” e “Matrix” tornaram-se um paradigma do gnosticismo pop. Na Europa o filme gnóstico se restringe ao gnosticismo Cult em filme “de arte” (como “Zardoz” ou “O Homem que Caiu na Terra” dos anos 70).

    Exemplos de filmes gnósticos europeus atuais como “O Homem que Incomoda” e “Lunar” (veja links abaixo) parecem apontar para uma produção cinematográfica que pretende também popularizar a mitologia gnóstica. O filme “Sr. Ninguém” (uma co-produção Canadá/Bélgica/França/Alemanha) nos faz lembrar de uma estética mais hollywoodiana ou comercial encontrada em filmes como “Show de Truman”, “Donnie Darko” e “O Fabuloso Destino de Amelie Poulin”.

    Porém as semelhanças entre o filme gnóstico europeu e norte-americano param por aqui. Enquanto filmes norte-americano atuais como “A Origem” e “Alice in Wonderland” de Tim Burton (verdadeiras apologias ao gnosticismo cabalístico das neurociências e ciências cognitivas) parecem perder o componente crítico dos filmes gnósticos que marcaram os anos 90, ao contrário, no cenário europeu o filme gnóstico mantém a narrativa mitológica do Gnosticismo clássico: o homem, submetido ao esquecimento, prisioneiro em um cosmos físico imperfeito criado por um Demiurgo.


    Texto de "Cinema Secreto: Cinegnose"

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    quinta-feira, 5 de maio de 2016

    O Show de Truman


    Sinopse: "O vendedor de seguros Truman Burbank (Jim Carrey) vive em Seaheaven, um paraíso terrestre onde todos parecem conviver em perfeita harmonia. Mas, seu casamento com Meryl (Laura Linney) não anda muito bem e, pra piorar, ele sente-se constantemente vigiado.

    Decidido a investigar se realmente o estão espionando, Truman começa a perceber uma séries de situações estranhas, que aguçam ainda mais suas dúvidas e levam-no à descoberta: sua vida é um show de TV.

    Abandonado pelos pais ainda bebê, Truman é adotado por uma rede de televisão que o cria num mundo irreal: a cidade onde vive é um imenso cenário, sua esposa, amigos, vizinhos, todos são atores contratados. Sua vida é uma farsa, acompanhada por milhares de telespectadores.

    A partir de então sua luta é para libertar-se e poder viver verdadeiramente."



    Não tenho certeza se o filme é uma representação simbólica da nossa realidade ilusória e do despertar da consciência ou uma satirização, mas de qualquer jeito é um filme interessante para refletir.
    O Show de Truman cruza também com o filme Mr.Nobody na questão da existência de um observador permanente e que a nossa vida é uma ilusão, dependendo da perspectiva, como nos aprisionar ou para proporcionar a nossa existência como indivíduos separados do observador.

    Para uma analise mais detalhada do filme visite:
    Cinema Secreto: CineGnose




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    terça-feira, 3 de maio de 2016

    Trilogia Matrix + Animatrix

     A trilogia é como uma cebola, é preciso ver as varias camadas de suas referências simbólicas e filosóficas. Muitas coisas não devem ser interpretadas literalmente, devemos parar para refletir o que sentimos em relação a tal situação, pois os personagens são arquétipos da nossa mente.

    As opiniões que expresso abaixo são minhas interpretações.


    AVISO DE SPOILER

    The Matrix 1999
    A história do despertar de Neo/ONE, que representa a consciência humana passando pelo processo de ascensão e compreensão de quem somos e como as coisas realmente funcionam. O filme apresenta conceitos básicos sobre realidade e mostra como essa é somente o nosso cérebro interpretando sinais elétricos.
    Pra constar: "O Deserto do Mundo Real" é uma metáfora, não representa o plano astral, representa a quebra da percepção de que o mundo não é o que parece.

     Matrix Reload 2003
    Neo embora tenha expandido a sua consciência consideravelmente, ainda está preso na dualidade. Agora busca entender a si mesmo e o seu propósito dentro da existência, lida com dilemas relacionados a escolhas e livre arbítrio.
    O encontro com o arquiteto na minha opinião representa o
    Ponto Zero, mas posso estar enganado. Após esse encontro Neo recebe a opção de agir através do Medo ou escolher o Amor. 
     Matrix Revolution 2003
    Após entender que a realidade é um tipo de jogo e que tudo é relativo, Neo se vê perdido em meio a tantos paradoxos que lhe são apresentados. Em seu ultimo encontro com o Oráculo ele finalmente entende que as limitações que existem são criadas por ele mesmo, e que tudo sempre foi uma escolha(a nível consciente ou inconsciente). Agora com essa compreensão Neo precisa enfrentar a sua sombra e assimilar ela, completando então o seu caminho, retornando a Fonte.



    Qualidade: DVDRip
    Formato: XVid
    Áudio: MP3




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